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Portugal entre os dez países europeus mais afetados por stalkerware em 2023

Os dados, apresentados num relatório da Kaspersky, apontam para um aumento anual de 6% de utilizadores afetados a nível mundial, comparativamente com 2022

26/03/2024

Portugal entre os dez países europeus mais afetados por stalkerware em 2023

O State of Stalkerware 2023, um relatório anual da Kaspersky para compreender melhor o número global de pessoas afetadas por stalking digital, revela que cerca de três mil utilizadores na Europa e mais de 31 mil em todo o mundo foram invadidos por stalkerware, um software de vigilância clandestino utilizado por cibercriminosos para monitorizarem as suas vítimas, sem que estas tenham dado consentimento para tal.

Os dados apresentados apontam para um aumento anual de quase 6%, comparativamente a 2022.

De acordo com a Kaspersky Security Network, a Alemanha, a França e o Reino Unido lideram a lista de países mais afetados na Europa. 

Portugal surge em 10º lugar, com 63 utilizadores afetados. No entanto, o total de utilizadores europeus únicos afetados desceu em 2023 para 2645, em comparação com os 3158 registados em 2022. A nível mundial a Rússia, o Brasil e a Índia foram os países mais afetados. 

Quando comparada com 2021, a lista dos 10 países mais afetados pouco se alterou: as pequenas alterações aconteceram na Alemanha, que passou do sétimo para o décimo lugar, e a Arábia Saudita, que já não consta na lista de países mais afetados, depois de ter ocupado o oitavo lugar a nível mundial em 2022.

Efeitos do stalkerware

Apesar de variarem de acordo com a sua aplicação, as capacidades do stalkerware são vastas.

De acordo com o relatório, cerca de 21% dos portugueses já foram vítimas de perseguição digital ou suspeitam ter sido. 8% suspeitam ou afirmam que já foram perseguidos através de aplicações móveis e 5% através de dispositivos de tracking.

A nível mundial, 12% dos inquiridos admitem instalar ou definir parâmetros no telemóvel do parceiro, um valor que em Portugal desce para 5%. 9% reconhecem que já pressionaram o parceiro a instalar aplicações de monitorização – em Portugal a percentagem é de 4%.

David Emm, especialista em segurança e privacidade de dados na Kaspersky, alerta que os dados em causa “põem em evidência o delicado equilíbrio que as pessoas encontram entre a intimidade e a proteção das informações pessoais”. “A relutância em partilhar este tipo de acesso crítico está em conformidade com os princípios de cibersegurança. A vontade de partilhar passwords de serviços de streaming e fotografias significa uma mudança cultural, embora as pessoas devam reconhecer os riscos potenciais mesmo na partilha de informações aparentemente inócuas”, reforça o especialista.

No global, a noção de monitorizar um parceiro sem o seu conhecimento é desaprovada pela maioria dos indivíduos inquiridos em Portugal (72%) e a nível mundial (54%).

“Estes dados sublinham a importância de fomentar uma comunicação aberta nas relações, estabelecer limites claros e promover a literacia digital. Para os profissionais de segurança, reforçam a necessidade de formação contínua sobre as melhores práticas de cibersegurança e de capacitar os indivíduos para tomarem decisões informadas sobre a partilha de informações pessoais no âmbito das relações”, acrescenta David Emm.

O combate ao stalkerware

Apesar de a utilização do software de stalkerware não ser proibida, a instalação de uma aplicação deste tipo no telemóvel de terceiros sem o seu consentimento é ilegal e punível por lei, sendo considerado um elemento de abuso tecnológico.

Erica Olsen, Diretora Sénior do Safety Net Project, um projeto da National Network to End Domestic Violence (NNEDV), sublinha que o relatório da Kaspersky “demonstra como os indivíduos abusivos utilizam uma vasta gama de táticas de monitorização, incluindo o stalkerware e outras aplicações que facilitam a partilha de informações pessoais”.


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