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Esta semana e na próxima, os delegados da ONU reúnem-se em Manhattan para as negociações finais da nova convenção internacional sobre cibercrimes
Por Rita Sousa e Silva . 24/08/2023
O projeto do tratado internacional de combate ao cibercrime está na reta final das negociações pela parte dos delegados da Organização das Nações Unidas (ONU), que estão a decorrer em Manhattan, Nova York, ao longo desta semana e da próxima. As fontes do Recorded Future News confessam não ter grandes expectativas para a ambição do texto, mas consideram uma vitória se conseguirem uma votação na Assembleia Geral no próximo ano. A necessidade de criar uma convenção internacional para combater crimes cibernéticos passa sobretudo pela escassez de instrumentos internacionais multilaterais que permitam às autoridades aplicar a lei no estrangeiro neste tipo de casos criminais. Para além disto, é raro as vítimas e os cibercriminosos aparecerem nas mesmas jurisdições, ao contrário dos crimes tradicionais. A aplicação do tratado é o desafio principal por enfrentar, particularmente em casos de cibercriminosos baseados na Federação Russa, conhecida por constitucionalmente não extraditar os seus cidadãos e raramente interferir em casos de indivíduos acusados de crimes no Ocidente. Os diplomatas do Paquistão e do Irão, por sua vez, querem que o tratado da ONU reconheça os insultos religiosos como um cibercrime, algo que foi alvo de contestação. A primeira convenção internacional sobre o cibercrime foi assinada em Budapeste em 2001. Em maio de 2021, a ONU aprovou uma resolução para dar início ao processo de elaboração de um novo tratado internacional “sobre o combate à utilização de tecnologias de informação e comunicação para fins criminosos”, que deverá ser votado na Assembleia Geral até setembro de 2024. Até agora, o presidente da comissão responsável pelo desenvolvimento do projeto do tratado mostra-se orientado para o consenso, dizem as fontes diplomáticas, não havendo ainda um profundo desacordo entre as delegações capaz de colocar em causa o sucesso da convenção. No entanto, restam ainda vários dias de negociação pela frente. |