Opinion
Na era digital, a proteção da informação é crucial e os profissionais de cibersegurança são a primeira linha de defesa da infraestrutura de informação das empresas. Este domínio está a evoluir rapidamente, oferecendo oportunidades e desafios aos especialistas
Por Pedro Viana, Diretor de Pré-venda da Kaspersky para Portugal e Espanha . 12/08/2025
Procura crescente de profissionais de cibersegurançaA procura de especialistas em cibersegurança está a crescer. De acordo com um relatório do sector, existe uma escassez significativa de profissionais qualificados a nível mundial, impulsionada pela transformação digital, pelo aumento das ciberameaças e pela falta de uma abordagem de formação e especialização adequada. Embora a workforce global nesta área tenha crescido quase 13% entre 2022 e 2023, ainda há um défice de quase 4 milhões de especialistas. Além disso, 41% dos profissionais de InfoSec afirmam que as suas equipas de cibersegurança têm falta de recursos, enquanto 30% das organizações procuram preencher mais de 20 posições de cibersegurança. Esta escassez é exacerbada pelos rápidos avanços tecnológicos, pela falta de igualdade de acesso a profissionais qualificados entre empresas de diferentes dimensões, também conhecida como o “efeito Fortune 500”, e pela insuficiente diversidade no sector. Além disso, os cibercriminosos estão constantemente a evoluir e a desenvolver novas técnicas para se infiltrarem nas defesas das empresas, o que exige que os especialistas atualizem constantemente os seus conhecimentos, competências e estratégias. Desafios do ensino da cibersegurançaA escassez de talentos na área da cibersegurança está intimamente ligada ao défice de formação em cibersegurança. De acordo com um estudo da Kaspersky, mais de três quartos dos especialistas com 2 a 5 anos de experiência não estudaram TI ou ciências informáticas, mas migraram para funções de cibersegurança à medida que progrediram nas suas carreiras. Este fenómeno é a prova da falta de programas académicos normalizados que abordem a diversidade de funções neste sector, dificultando o início de carreira dos jovens profissionais. Ao mesmo tempo, o meio académico enfrenta o desafio de adaptar os seus programas educativos à velocidade a que o cenário de ameaças e os avanços tecnológicos estão a evoluir. Para trabalhar neste domínio, os recém-licenciados precisam não só de compreender os fundamentos das TI - como o modelo OSI ou a arquitetura dos diferentes sistemas operativos - mas também de desenvolver competências analíticas, de resolução de problemas e de comunicação. Isto para não falar de conhecimentos mais especializados, como a encriptação e as funcionalidades de proteção incorporadas em diferentes plataformas. Cerca de 63% dos especialistas em InfoSec consideram que as competências básicas e técnicas são igualmente importantes. Uma vez que o sector da educação ainda não oferece programas abrangentes que reflitam a natureza multifacetada das tarefas de cibersegurança, mais de metade dos profissionais não possui um diploma de pós-graduação ou superior, baseando-se em certificações, na aprendizagem contínua para se manterem atualizados e na experiência prática. Esta última é fundamental, uma vez que expõe os especialistas aos verdadeiros desafios e complexidades da cibersegurança. Criar oportunidades de aprendizagem contínua no local de trabalhoPara colmatar a lacuna de talentos na cibersegurança, as empresas devem promover programas de formação interna, workshops presenciais e cursos online de forma regular e continua. Isto é especialmente importante para os profissionais mais jovens, uma vez que 46% precisam de mais de um ano para se sentirem confiantes no seu papel dentro da empresa. Estes programas devem basear-se em experiência prática real, ferramentas avançadas e estratégias eficazes de deteção de ameaças, sempre adaptadas ao atual panorama de risco. Além disso, a especialização de funções nas equipas de cibersegurança ajuda a reforçar a postura geral de segurança das empresas. O apoio da gestão de topo, os programas de orientação e a colaboração com instituições académicas são também fundamentais para o desenvolvimento profissional. As empresas podem fazer a diferença ao organizar estágios, que proporcionem experiência prática e complementem a formação teórica dos estudantes, colmatando a lacuna entre o conhecimento teórico e a aplicação no mundo real. O estado atual das carreiras de cibersegurançaA cibersegurança é um domínio dinâmico que exige uma aprendizagem contínua, experiência e adaptabilidade e os profissionais de cibersegurança são uma peça fundamental do setor. Embora existam ferramentas automatizadas para simplificar a deteção e a resposta a ameaças, os profissionais continuam a ser essenciais para supervisionar sistemas complexos e gerir tarefas que exigem discernimento humano e conhecimentos especializados. Dar prioridade à sua formação avançada e às necessidades organizacionais permite capacitar os profissionais de cibersegurança e garantir que conseguem lidar com as tecnologias emergentes, construindo carreiras de impacto no sector. |