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C-Days 2022: “temos de deixar de usar o argumento dos bons e dos maus usos. Já sabemos”

A oitava edição da C-Days 2022 contou com Lino Santos, Coordenador do Centro Nacional de Cibersegurança na sessão de abertura

Por Rui Damião . 07/06/2022

C-Days 2022: “temos de deixar de usar o argumento dos bons e dos maus usos. Já sabemos”

A C-Days voltou para a sua oitava edição. Depois de se ter realizado no Porto – mais concretamente na Alfândega do Porto – em 2021, a C-Days, evento organizado pelo Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS), marcou presença no Centro de Congressos do Estoril.

Os recentes ciberataques a empresas conhecidas de todos os portugueses têm vindo a aumentar o interesse de todos pela cibersegurança. Foi neste momento de maior interesse por aquilo que é a cibersegurança que o auditório principal – com cerca de 75% da capacidade ocupada – do Centro de Congressos do Estoril ouviu Lino Santos, Coordenador do Centro Nacional de Cibersegurança, na sessão de abertura da C-Days.

Com o mote “Apostar na Prevenção”, Lino Santos referiu que “esta é a oitava edição da C-Days e, nestes três dias, vamos debater temas da atualidade”, referiu Lino Santos. “Queremos dar a conhecer o trabalho que o CNCS tem feito ao longo destes anos, mas, principalmente, queremos ouvir-vos”.

A cibersegurança tem vindo a ganhar um papel de relevo na agenda mediática. Tivemos, no início deste ano, um conjunto de ataques bem-sucedidos com um impacto relevante na nossa sociedade – em empresas de media, hospitais, empresas de telecomunicações – e isso trouxe a cibersegurança para a agenda mediática”, referiu o coordenador do CNCS na sua mensagem e abertura.

 

“Temos um quadro de ameaças mais complexo e temos – muito importante – um défice de competências; temos dificuldades em lidar com estas inovações tecnológicas”

Lino Santos indicou, também, que o conflito na Ucrânia aumentou a complexidade da cibersegurança e que “vimos renascer, este ano, o movimento hacktivista a coberto de narrativas pró-Ucrânia ou pró-Rússia a atuar em Portugal e que nos preocupa”.

Tivemos um aumento de 26% do número de incidentes em 2021 em relação a 2020; esta é uma tendência crescente que existe desde que o Centro Nacional de Cibersegurança foi criada”, continua o coordenador, que acrescenta, ainda, que “existe uma maior densidade digital”, ou seja, “existe um maior número de utilizadores, uma maior utilização de correio eletrónico, uma maior digitalização das nossas empresas. Temos um quadro de ameaças mais complexo e temos – muito importante – um défice de competências; temos dificuldades em lidar com estas inovações tecnológicas”.

Queria aqui apresentar um conceito que é a vulnerabilidade societal. Se pudéssemos colocar num gráfico um nível de progresso da tecnologia na sociedade, teríamos uma evolução exponencial. Mas vamos simplificar; vamos ter uma reta bem inclinada. Se ao mesmo tempo pudéssemos representar a capacidade que nós, como sociedade e não individualmente, temos para lidar com segurança das novas tecnologias, teríamos uma reta bem menos inclinada”, afirma Lino Santos.

O coordenador do CNCS continua a explicar que “a diferença a todo o tempo entre estas duas retas é a vulnerabilidade societal e a cibersegurança existe para corrigir a vulnerabilidade societal”.

“O que interessa para a discussão é focarmo-nos nos impactos e trabalharmos para prevenir esses impactos negativos e tirar proveito dos impactos positivos da tecnologia. A tecnologia não é neutra; tem impactos”

 

Como possível solução, Lino Santos indica que “podemos atuar na reta de cima ou na reta de baixo. Na reta de cima significa regular – e esta é uma tendência que temos vindo a observar, orientada para uma forma de predominância da União Europeia quando, por exemplo, temos o Regulamento Geral de Proteção de Dados que exige uma avaliação de impacto do tratamento de dados pessoais”.

Mas podemos, também, inclinar a evolução da reta de baixo. Isso significa desenvolver competências nos nossos cidadãos, formando-os, dando-lhes a capacidade de lidar com estas novas tecnologias, incutindo-lhes o risco do ciberespaço. Significa desenvolver competências nas nossas organizações, com a adoção das melhores práticas, com a incorporação de referenciais normativos, com o investimento em tecnologia, com a formação das pessoas. É isto que temos de fazer para reduzir a vulnerabilidade societal”, acrescenta Lino Santos.

O coordenador indica, também, que é necessário focar o trabalho na mitigação e na prevenção de impactos negativos. “Isto significa – e é um pedido – que temos de deixar de usar o argumento dos bons e dos maus usos; já sabemos, é uma verdade, existem bons e maus usos, mas isso não interessa para a discussão. O que interessa para a discussão é focarmo-nos nos impactos e trabalharmos para prevenir esses impactos negativos e tirar proveito dos impactos positivos da tecnologia. A tecnologia não é neutra; tem impactos”.

 

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