ITS Conf
À medida que utilizadores e dados se dispersam e as vulnerabilidades se multiplicam, as organizações enfrentam uma complexidade crescente na gestão das suas infraestruturas. Na quarta edição da IT Security Conference, Ricardo Marciano da Fortinet destacou o SASE como resposta arquitetónica capaz de simplificar e proteger
21/10/2025
|
A transformação digital acelerada e a multiplicação de pontos de acesso colocam desafios inéditos à cibersegurança e foi tema na IT Security Conference 2025. Ricardo Marciano, BDM do pilar de Unified SASE da Fortinet, explicou que “as organizações são alvo de ataques cada vez mais avançados, os nossos utilizadores estão dispersos, os nossos dados já não estão só na nossa periferia e o SASE é uma resposta a esta complexidade”. Para o responsável, o SASE surge como uma arquitetura que permite simplificar a gestão e proteger os utilizadores, oferecendo uma visão integrada da segurança independente da localização física da infraestrutura ou do trabalhador. A guerra digital das empresasRicardo Marciano alertou para uma tendência preocupante do setor que passa pela competição entre fornecedores, muitas vezes centrada nas funcionalidades e na sofisticação tecnológica, pode obscurecer a análise do que as organizações realmente precisam. Por vezes, apontou, esquecemo-nos do “crítico que é as necessidades das organizações e efetivamente o que é que elas necessitam”, e frisou ainda que o foco deve estar na eficiência, gestão facilitada e na proteção dos utilizadores, não em listas intermináveis de acrónimos ou comparações de funcionalidades. Na sua intervenção, o especialista abordou também a fragilidade do modelo tradicional baseado em VPN, uma vez que os utilizadores que recorrem a clusters de firewalls em data centers enfrentam riscos de falha, escalabilidade limitada e problemas de desempenho. “Não é fiável, tipicamente os utilizadores estão-se a ligar a um cluster de firewalls que está num data center com um IP público, e se houver alguma falha, já não se consegue ligar e não é escalável”, sublinhou. Este cenário agravou-se durante a pandemia, disse, quando a capacidade da infraestrutura se revelou insuficiente para suportar o aumento súbito de acessos remotos. Além da dispersão de utilizadores, a multiplicidade de soluções de segurança sobrecarrega a gestão e aumenta a propensão a erros. É neste sentido que destaca a importância de aplicar um mindset de Zero Trust: “desconfiar sempre, verificar sempre”, para, por outro lado, dar resposta aos tempos atuais que diz serem marcados pela escassez de recursos. Segundo o responsável, surge a necessidade de um modelo de segurança que acompanhe a complexidade das operações híbridas. O melhor dos dois mundosO SASE apresenta-se como uma solução capaz para integrar componentes de cloud e on-premises para equilibrar desempenho, simplicidade e aproveitamento de investimentos existentes. Para utilizadores remotos, a entrega de segurança via cloud apresenta vantagens claras, enquanto escritórios de grande dimensão ou infraestruturas já consolidadas beneficiam de soluções on-premises. “Não temos de escolher. Nós podemos ter e alavancar o melhor dos dois mundos e adaptar a solução de SASE às necessidades das organizações”, explicou. Esta abordagem híbrida permite proteger dispositivos IoT, OT e utilizadores de forma consistente, sem comprometer a performance nem a gestão. O orador apresentou ainda a visão simplificada do Secure Web Gateway, Firewalls-as-a-Service, CASB e DLP, reunidos sob o conceito de Cloud Delivery Security. Ao consolidar estas funcionalidades numa única consola, a gestão torna-se menos onerosa e a segurança mais uniforme, enquanto se mantém a flexibilidade para alavancar infraestruturas existentes. “Onde pode ter estes ou muitos outros conjuntos de plataformas ou produtos. Tudo aglutinado numa única consola, simples para gerir”, disse. Desafios práticos“Como é que adapto esta nova realidade à minha infraestrutura e às minhas necessidades? Como é que evito comprometer a minha segurança? Como é que consigo alavancar os investimentos que já fiz dentro da minha organização? E qual é o meu plano B se alguma coisa não funcionar?”, questionou Ricardo Marciano, sublinhando que muitas empresas continuam a refletir cuidadosamente sobre a implementação desta arquitetura. O responsável abordou ainda a dicotomia entre soluções on-premises e cloud, frisando que a simples escolha entre uma e outra não resolve os desafios atuais. “A pergunta é a segurança deve ser on-prem ou cloud?”, questionou, explicando que a ligação simultânea de utilizadores à cloud e à rede local nem sempre simplifica a gestão e pode criar problemas de latência. Segundo o responsável, evoluir as soluções de SSE para incluir todos os sites na cloud trouxe vantagens, mas também novos desafios operacionais que exigem planeamento cuidadoso. A visão estratégicaCom base na saga Star Wars, o BDM do pilar de Unified SASE da Fortinet descreveu aquilo que chama de “guerra digital” e a complexidade da cibersegurança atual, sublinhando que a tecnologia por si só não resolve o problema. “A arquitetura do SASE tem de ser bem pensada. E um SASE bem pensado é um SASE evolutivo que acompanha as necessidades das organizações”, apontou. Segurança e gestão de infraestruturas híbridas exigem soluções flexíveis, adaptáveis e integradas, capazes de combinar o melhor da cloud e do on-premises sem sacrificar eficiência ou proteção. No palco principal da IT Security Conference, Ricardo Marciano evidenciou que o SASE deixou de ser uma buzzword para se afirmar como um pilar estratégico na cibersegurança contemporânea que responde à dispersão de utilizadores, à complexidade das redes e à necessidade de proteção consistente. Num contexto em que os ciberataques continuam a evoluir e as organizações enfrentam restrições de recursos, a arquitetura híbrida proposta surge como um caminho pragmático e adaptável para enfrentar os desafios do mundo digital atual. |