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Os Desafios de Segurança da Informação na Era da Inteligência Artificial

Os Desafios de Segurança da Informação na Era da Inteligência Artificial

À medida que a Inteligência Artificial (IA) se torna mais omnipresente, a Segurança da Informação enfrenta desafios significativos.

A crescente adoção da IA no mundo moderno trouxe consigo inúmeros benefícios e avanços em diversas áreas, como medicina, indústria, automação, entre outras. No entanto, esta revolução tecnológica não está isenta de desafios e preocupações, especialmente quando se trata da Segurança da Informação. A integração da IA em sistemas e processos criou um ambiente propício para ameaças cibernéticas cada vez mais sofisticadas, tornando a proteção de dados e a privacidade uma prioridade eminente. A IA apresenta desafios únicos neste campo, que vão desde vulnerabilidades cibernéticas até questões éticas e de privacidade.

A dupla face da Inteligência Artificial

A IA tem se destacado como uma das tecnologias mais promissoras dos últimos anos. Tem a capacidade de analisar grandes volumes de dados, identificar padrões complexos e tomar decisões com base nessa análise, o que a torna uma ferramenta poderosa em diversas áreas.

Por outro lado, tem mostrado o seu valor em várias aplicações, desde chatbots de atendimento ao cliente até diagnósticos médicos precisos e carros autónomos. No entanto, à medida que a IA se torna cada vez mais omnipresente, a preocupação com a Segurança da Informação também cresce.

Os desafios são variados e complexos, e algumas das principais preocupações incluem:

1. Ataques Cibernéticos Automatizados

A IA é frequentemente usada para melhorar a segurança cibernética, mas também pode ser usada por invasores para aprimorarem os seus ataques. A capacidade de aprendizagem e adaptação da IA a novos cenários torna-a numa ferramenta eficaz para identificar vulnerabilidades em sistemas de segurança e até mesmo desenvolver ataques personalizados.

A automação proporcionada pela IA torna os ataques cibernéticos mais eficazes e devastadores. Algoritmos de IA podem identificar vulnerabilidades em sistemas de segurança e lançar ataques de forma contínua e coordenada.

Outro ponto de preocupação são os ataques de phishing que usam IA para personalizar mensagens e adaptar o seu conteúdo com base nas características da vítima. Tal situação torna os utilizadores mais vulneráveis a ataques de Engenharia Social e são mais difíceis de detetar.

Vulnerabilidades em algoritmos de IA também podem ser explorados. Modelos de IA podem ser usados para manipular resultados, como classificação de conteúdo ou previsões.

2. Deepfakes e Manipulação de Mídia

A geração de deepfakes, que são vídeos e áudios manipulados com a ajuda da IA, apresenta uma ameaça significativa à Segurança da Informação e à reputação das pessoas e organizações. Esta tecnologia pode ser usada para criar conteúdo enganoso e prejudicial, minando a confiança na mídia e nas informações disponíveis.

A capacidade da IA de criar deepfakes convincentes, que podem enganar até mesmo olhos treinados, levanta sérias preocupações sobre a disseminação de informações falsas e a desinformação, o que provoca implicações significativas para a política, as eleições e a sociedade como um todo.

3. Violação de Privacidade

A coleta e análise de dados em larga escala por meio de algoritmos de IA levanta preocupações sobre a privacidade dos indivíduos. Empresas e governos podem usar IA para extrair informações pessoais, o que levanta questões éticas sobre como é que esses dados são armazenados e utilizados.

A divulgação não autorizada de informações pessoais representa uma ameaça significativa.

A proteção dos dados pessoais e sensíveis é fundamental e os vazamentos de informações podem ter sérias consequências para os indivíduos e as organizações.

4. Viés e Discriminação

Os algoritmos de IA são treinados com base em dados históricos, o que pode introduzir viés nos resultados. Isso significa que a IA pode perpetuar e amplificar preconceitos existentes, refletindo nos dados de treinamento, o que é uma preocupação significativa quando se trata de decisões importantes como contratações, empréstimos.

No âmbito de processos judiciais pode levar a decisões injustas e prejudiciais, agravando problemas sociais e éticos.

5. Ataques Adversariais

Os ataques adversariais são um dos desafios mais significativos da IA. Envolvem a manipulação de dados de entrada para confundir ou enganar um modelo de IA, o que pode resultar em erros graves, levando a decisões incorretas em sistemas autónomos como carros ou sistemas de segurança.

6. Responsabilidade e Ética

A tomada de decisões automatizada levanta questões de responsabilidade e ética. Quem é responsável por erros ou decisões incorretas em sistemas de IA? Como garantir que a IA é usada de maneira ética e para o bem da sociedade?

Iniciativas de regulação em todo o mundo

Devido às crescentes preocupações em torno da Segurança da Informação e da IA, muitos países e organizações internacionais têm tomado medidas para regular o seu uso.

A União Europeia (UE) introduziu a Lei de Inteligência Artificial que estabelece diretrizes rigorosas para o uso de IA, que visam garantir a segurança, a ética e a transparência na sua utilização. Isso inclui requisitos de avaliação de riscos e proibições de usos específicos, como reconhecimento facial em tempo real para locais públicos.

Com o apoio da General Data Protection Regulation (GDPR) da União Europeia, em vigor desde maio de 2018, diretrizes rígidas para a coleta, armazenamento e processamento de dados pessoais já são seguidas. Afeta empresas que operam na União Europeia e impõe multas significativas por violações de privacidade.

Nos Estados Unidos, a Federal Aviation Administration (FAA) implementou regulamentações para drones autónomos e a Food and Drug Administration (FDA) emitiu diretrizes para o uso de IA em dispositivos médicos.

Embora não tenham uma regulamentação federal de IA abrangente, alguns estados, como a Califórnia, estão a adotar medidas semelhantes à California Consumer Privacy Act (CCPA).

A CCPA confere aos residentes da Califórnia maior controlo sobre as suas informações pessoais e obriga as empresas a divulgarem as suas práticas de coleta e uso de dados.

Além disso, o Governo e o Congresso estão a considerar várias propostas para regulamentar a IA, abordando questões de ética, privacidade, transparência e segurança cibernética.

No Brasil, desde agosto deste ano, está em tramitação o Projeto de Lei sob número 2.338/2023 que regulamenta o uso de IA.

Uma das preocupações é a de que não haja conflito com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD — Lei 13.709/2018) na regulamentação da Inteligência Artificial.

Inspirada na General Data Protection Regulation (GDPR), a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) entrou em vigor em 2020. Estabelece regras para a coleta e uso de dados pessoais no Brasil, protegendo a privacidade dos cidadãos.

Outras iniciativas como a União Internacional de Telecomunicações e Autorregulação da Indústria estão a trabalhar em padrões globais, reforçando o compromisso em criar diretrizes éticas para o desenvolvimento e uso da IA.

Conclusão

A Inteligência Artificial trouxe inúmeras vantagens e avanços, permitindo que máquinas realizem tarefas que antes eram exclusivas de seres humanos, como o reconhecimento de padrões, a análise de grandes volumes de dados e até mesmo a tomada de decisões complexas.

A preocupação central em relação à IA e Segurança da Informação está relacionada à capacidade das tecnologias de IA de serem usadas para fins maliciosos. Isso inclui o uso de IA para criar deepfakes convincentes, phishing mais sofisticado e até mesmo ataques cibernéticos automatizados. À medida que a IA se torna mais avançada, os riscos associados a essas atividades maliciosas aumentam significativamente.

A regulamentação da IA pode desempenhar um papel vital na mitigação dos riscos, mas é necessário um esforço contínuo por parte das empresas, governos e da sociedade em geral para garantir que a IA seja usada de maneira responsável e para o bem comum.

Num mundo cada vez mais impulsionado pela Tecnologia, a consciencialização e a confiabilidade dos utilizadores também desempenha um papel fundamental na aceitação da IA, promovendo uma adoção responsável e manutenção da Segurança da Informação.

Embora a IA continue a ser uma força impulsionadora da inovação, garantir segurança deve ser uma prioridade constante para que possamos colher os benefícios da IA sem comprometer a integridade dos nossos dados e a confiança pública.

Cristiane Dias

Cristiane Dias

Head of CyberSecurity
Setor de Utilities do Brasil

Executiva com 27 anos de atuação em equipas de Infraestrutura, Privacidade, Governança de TI, sendo 16 anos na área de CiberSegurança em Logística, Serviços, Retalho e Indústria. Especialista em Segurança da Informação no Instituto Tecnológico de Aeronáutica, Ministério da Defesa/Comando da Aeronáutica, Brasil. MBA sobre Transformação Digital no MIT Massachusetts Institute of Technology, EUA. Palestrante em conferências no Brasil e exterior.

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